“Como te não amaria eu? Além disso tens para mim um dote que realça os mais: sofreste.
E minha ambição é dizer à tua grande alma desanimada: levanta-te, crê e ama: aqui está uma alma que te compreende e te ama também.
Eu te amo como se ama o que é santo e puro. E essa afeição, que não nasceu da beleza apenas, mas da dor, da bondade, do espírito e da alma, é das que resistem ao tempo, às vicissitudes e ao próprio desânimo.
Não é um entusiasmo; é um sentimento profundo e refletido, e por isso mesmo mais verdadeiro e durável.
Se te posso dar alguma coisa, é este amor calmo e fiel, que não promete o impossível, mas que é todo teu enquanto viver.”
Machado de Assis, Carta a Carolina Augusta Xavier de Novais, 2 de março de 1869. In: Correspondência de Machado de Assis (1860–1908).